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Cuidados na compra de máquinas industriais usadas

Máquina industrial usada: guia de inspeção e custo total

Máquina industrial usada é uma alavanca tática para capturar eficiência operacional com menor CAPEX, desde que a aquisição seja conduzida com rigor técnico.

No contexto da compra de uma máquina industrial usada, o CAPEX corresponde ao valor investido para aquisição e eventuais adequações iniciais. Trata-se do desembolso direto de capital para colocar o ativo em operação.

A compra de uma máquina industrial usada ou semi-nova pode representar uma oportunidade estratégica para muitas empresas: menor investimento inicial, rápida disponibilidade e, em alguns casos, acesso a modelos de alto desempenho que seriam inviáveis no orçamento se adquiridos novos. No entanto, esse processo exige avaliação criteriosa para evitar riscos que possam comprometer a operação, a produtividade e a segurança.

Este guia consolida uma avaliação técnica orientada a engenharia de produção, qualidade e manutenção, mitigando riscos de desempenho, segurança e compliance e maximizando o valor do ativo no ciclo de vida.

Entenda porque a inspeção é inegociável

Em mercados de alta exigência, a compra sem governança técnica transforma CAPEX em passivo operacional.
A inspeção criteriosa fornece rastreabilidade de origem, previsibilidade de OPEX e bases para um roadmap de retrofitting, evitando downtime não planejado, acidentes e obsolescência tecnológica.

Documentos mínimos:

  • Identificação do equipamento (fabricante, modelo, nº de série, ano);
  • Histórico de uso (turnos, aplicação, materiais processados);
  • Plano e registros de manutenção (preventiva, corretiva, preditiva);
  • Laudos e calibrações, manuais e diagramas elétricos;
  • Evidências de adequação a segurança (ex.: NR-12) e eventuais retrofits.
Checklist de inspeção técnica: corte, dobra e usinagem

Execute inspeções visuais, dimensionais e funcionais. Sempre que possível, complemente com análise preditiva.

 

Item de verificaçãoO que observarFerramentas/Documentos
Estrutura e baseTrincas, empenos, corrosão, nivelamento, pontos de fixaçãoNível de precisão, tintas de contraste, endoscopia industrial
Cinemática e guiasFolgas, backlash, desgaste de guias/rolamentos, patinsRelógio comparador, ballbar, laser interferométrico
Spindle e transmissãoRuído, vibração, aquecimento, horas de trabalhoAnálise de vibração, termografia, histórico de HMI/PLC
Hidráulico e pneumáticoVazamentos, pressão, resposta de válvulas, condições de mangueirasManômetros calibrados, análise de óleo (ferrografia, viscosidade)
Elétrica/eletrônicaIntegridade de painéis, cabeamento, aterramento, ruído eletromagnéticoMultímetro TRMS, medidor de isolamento, documentação elétrica
CNC/PLC e HMIDisponibilidade de licenças, alarmes recorrentes, versões de firmwareRelatórios de diagnóstico, backups de parâmetros e macros
Precisão e repetibilidadeTolerâncias vs. especificação do fabricante em ciclos reaisPeças-teste, CMM, gage R&R
Segurança (ex.: NR-12)Proteções, enclausuramentos, cortinas/grades, paradas de emergênciaRelatório de avaliação de riscos, diagrama de segurança

Conformidade e segurança com a NR12

A conformidade é um pilar de governança do ativo. Em máquinas antigas, lacunas de proteção exigem
retrofitting com sensores, enclausuramentos, lógica de parada segura e documentação técnica.
Avalie também emissões (ruído, fumos, poeiras), exaustão e eficiência energética do conjunto.

Resultado esperado: risco residual dentro de critérios aceitáveis, documentação rastreável e
procedimentos integrados ao SGI (segurança, qualidade e manutenção).

Custo Total de Propriedade (TCO): modelagem financeira

Decisões robustas e bem fundamentadas vão além do preço de compra. O TCO integra CAPEX, OPEX e riscos. Use uma modelagem comparativa com horizonte de 36–60 meses.

TCO = Preço de aquisição 
    + (Instalação + Adequações de layout/infra)
    + (Retrofitting + peças críticas + licenças)
    + (Energia + consumíveis + manutenção)
    + (Paradas planejadas e não planejadas × custo/hora)
    − (Valor residual ao desinvestimento)

Boas práticas: simular cenários (otimista/base/pessimista), precificar risco de obsolescência de CNC/PLC e contabilizar estoque mínimo de peças críticas (rolamentos, correias, drivers, inversores).

Testes práticos e validação de performance

  • Teste sob carga real: material, geometria e parâmetros de processo equivalentes;
  • Peça de referência: medições em CMM e análise de capabilidade (Cp, Cpk);
  • Repetibilidade: ciclos repetidos para avaliar estabilidade térmica e precisão ao longo do tempo;
  • Run-off documentado: checklist assinado, alarmes e tempos de ciclo registrados.

Peças de reposição, suporte e obsolescência

Verifique a disponibilidade local de peças, lead times e roadmap do fabricante para controladores e servos.
Quando a cadeia de suprimentos é restrita, estabeleça um buffer de itens críticos e um plano de migração tecnológica.

Riscos comuns e sinais de alerta

  • Histórico incompleto ou ausência de registros de manutenção;
  • Alarmes recorrentes não resolvidos e workarounds de segurança;
  • Backlash acima do especificado, vibração elevando após aquecimento;
  • CNC/PLC sem suporte, licenças expiradas, backups indisponíveis;
  • Reformas estruturais sem ART/projeto e sem validação metrológica.

FAQ técnico

Como avaliar horas reais de uso do spindle e eixos?

Concilie contadores do CNC/PLC com registros de produção e manutenção. Analise perfis de vibração e temperatura para identificar desgaste incompatível com as horas declaradas.

É obrigatório retrofit para atender segurança (ex.: NR-12)?

Quando identificadas lacunas de proteção, é recomendável executar retrofit com dispositivos de segurança, revisão de circuitos e documentação técnica, reduzindo o risco residual.

O que fazer se o CNC estiver descontinuado?

Mapeie compatibilidade de peças, disponibilidade de assistência e alternativas de migração. Precifique tempo de parada e engenharia para substituição controlada do sistema.

Quais laudos solicitar antes de concluir a compra?

Relatório de inspeção mecânica/eletrônica, análise de vibração, análise de óleo, calibração, run-off documentado, verificação de segurança e lista de pendências técnicas (punch list).

Nota

Este é um conteúdo técnico produzido para fins informacionais, direcionado a gestores e engenheiros industriais. Reforce sua decisão com avaliação técnica independente quando necessário.

A aquisição de máquinas industriais usadas deve equilibrar custo e confiabilidade. A análise técnica, o cálculo do TCO e a validação em operação são etapas cruciais para garantir produtividade e segurança.

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